No atual mundo moderno tem-se visto a ampliação de conceitos, que acompanha as transformações sociais e confirma que a sociedade é composta por diversos sistemas que estão interligados entre si e que estão também em constante evolução. É daí que se fala em sistema econômico, sistema social e sistema jurídico, dentre outros. O Direito é considerado um sistema autopoiético que, ao mesmo tempo em que evolui em conjunto com os demais, se auto reproduz, recriando-se de forma independente. Não é por menos que todos os dias vê-se surgir novos direitos, como os relacionados com a bioética e as nanotecnologias, ou o law and economics, por exemplo.

Nesse diapasão é que o conceito de advogado também deve ser ampliado, extrapolando os limites estreitos dos litígios judiciais, que por sinal possuem uma clara tendência futura de diminuírem, em face às novas formas de se fazer o direito sem a necessidade específica do aparelhamento judicial.

Assim é que nesse dia 11 de agosto, data que se celebra o Dia do Advogado, é preciso refletir sobre o efetivo papel do advogado nesse novo Mundo, em especial no Brasil, que conta hoje com cerca de um milhão de advogados.

Falar da importância do advogado, como agente essencial à administração da justiça, conforme disciplinado há trinta anos pela atual Constituição Federal, em que pese ser sempre de bom alvitre lembrar, além de muitas vezes soar como mera retórica, tem o condão de limitar essa importância, reduzindo-a ao texto constitucional.

É que a profissão do advogado ampliou-se, passando a ser parte necessária não só no sistema jurídico, mas em todos os demais sistemas. Este aspecto é primordial para que os advogados, novos ou não, tenham conscientização do seu verdadeiro papel nesse novo contexto que tem se descortinado ao longo dos últimos anos.

Ser advogado nos dias de hoje, frise-se, é muito mais que acionar o Poder Judiciário em busca da solução de um conflito de interesses entre partes. Querer exercer unicamente essa função é limitar a própria área de atuação, é restringir a função do advogado e diminuir o papel do próprio Direito na sociedade.

A formação jurídica dos advogados pelas faculdades e pela própria Ordem dos Advogados do Brasil, através das Escolas Superiores da Advocacia, precisa irromper contra a tradicional formação focada na litigância. O advogado precisa ser preparado para exercer um novo papel (de protagonismo), como cidadão ético e conciliador, como conselheiro de pessoas (físicas e jurídicas) e de famílias, como agente de transformação política e social, e como construtor de um mundo melhor para as futuras gerações.

Para o exercício desse papel é preciso conhecimento, estudo e dedicação. É preciso colocar a profissão em si, e a paixão por exercê-la, acima do mero aspecto econômico, que é unicamente uma consequência natural do cumprimento da missão.

Desse modo, ao tempo que se parabeniza às advogadas e aos advogados pela passagem do Dia do Advogado, traz-se essa importante reflexão que, acima de tudo, é também um conselho para quem exerce (ou virá exercer) essa tão nobre profissão. O advogado deve
ir além do Direito!