Sempre critiquei a nomeação de Secretários de Estado e de Ministros, em troca de apoio político nas Assembleias Estaduais e no Congresso. Entendo que seja um ilegal exercício da Democracia por ferir princípios éticos basilares e a própria vontade popular nas urnas, que vê candidatos eleitos para mandatos legislativos passarem a compor pastas no Executivo. E o que é pior, candidatos que não obtiveram votos suficientes, passam, com essa troca, a ocupar postos no Legislativo.
Essa troca é tão espúria e absurda, que tão logo chega o prazo estabelecido pela legislação eleitoral para a desincompatibilização, o Executivo se desfigura. É que os políticos nomeados Secretários e Ministros deixam suas funções para disputarem as eleições. E a decantada Reforma Eleitoral nada reformou, pois tudo continuará como sempre esteve. Triste vaticínio!
Em verdade, as Secretarias e os Ministérios têm o condão de funcionarem como trampolim político, como fortíssimos cabos eleitorais de seus comandantes, ao invés de se articularem como elementos de administração necessários à condução do Governo em prol da sociedade. As escolhas para pastas tão importantes como as Secretarias e Ministérios são feitas, quase sempre, por interesses político-partidários e pessoais, não por projetos de governo ou alinhamento de ideias, tampouco por análise de competências.
Mas isto tudo é tão comum no Brasil!
Aí é que reside o problema! O brasileiro aprendeu a se acostumar com o errado, com o famigerado “jeitinho”, com a política de compadrio e de espuriedade, da mesma forma que se acostumou com a violência urbana, com mortes violentas ocorrendo a todo instante, em todos os lugares. O brasileiro acostumou-se com o descaso para com a saúde e educação, assim como para com o desemprego.
O brasileiro é adaptável a tudo o que está errado, afinal, amanhã, tal qual uma dança das cadeiras, estes mesmos nomes estarão novamente ocupando suas pastas em Secretarias e Ministérios, de volta ao lar, para mais um período de repetição de tudo o que está aí, desde muito tempo. E assim, o Brasil de amanhã continuará a ser o Brasil de ontem!
Como dizia meu saudoso pai em sua grande sabedoria popular: Deus permita que eu minta!
Todavia, enquanto houver voz, ruas, imprensa livre, urnas e acima de tudo coragem, haverá esperança! E é por isso que é preciso pensar muito e pensar bem. Pensar no futuro das gerações vindouras, naquilo que está sendo construído para elas. Refletir sobre as escolhas que serão feitas, nos caminhos que precisam ser seguidos, para que pelo menos aquelas gerações possam ter um exemplo e possam viver em um país melhor, em um mundo melhor e possam saber que a geração de hoje colaborou para a construção desse lugar de amanhã.