A política é algo de grande complexidade e é por isso que filósofos, sociólogos, economistas e juristas, para citar apenas estes, têm produzido ao longo da história antagônicos debates, muitas vezes recheados de falsos conceitos e premissas, mas sempre fiéis às suas respectivas razões que, por sua vez, estão quase sempre permeadas pelas paixões e ideologias. Eis o problema, eis o lado ruim da política!
Já tenho dito que enquanto prevalecerem os interesses pessoais em detrimento do bem comum, as decisões políticas sempre serão equivocadas e a maior prejudicada será a sociedade a quem são dirigidas tais decisões. Saltam a olhos vistos os debates entre políticos sobre interesses da sociedade onde estes mesmos interesses ficam relegados ao segundo plano e onde sequer são objetos de uma verdadeira análise. Em verdade, a discussão gira mais sobre apoios políticos e trocas (muitas delas espúrias) de votos por emendas ou cargos. Basta observar o que ocorreu com a (falsa) reforma política, a reforma trabalhista e a tentativa de reforma da previdência no Brasil.
A questão também é que os políticos não perceberam que caminham sobre o fio da navalha e que estão à beira de um precipício. Afastaram-se demais do ideal Democrático e do Estado de Direito. Em troca do poder entregaram o país ao banditismo, à corrupção e às drogas, vindo as mazelas sociais como consequências desse abandono.
Hoje não sei em que tipo de Estado vivemos, mas também isto não importa quando se está em uma guerra social. Que o diga a Venezuela! E não é por menos que cerca de oitocentos venezuelanos atravessam diariamente a fronteira para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Um perfeito paradoxo, não fosse o Brasil um país Continental. Se a fronteira brasileira fosse o Estado do Rio de Janeiro, penso que a história seria outra.
De fato, o Rio está em guerra, não apenas a social, mas também em guerra no sentido literal da palavra. Seria interessante utilizar o Rio como modelo, transformá-lo em uma miniatura de Brasil e ver o que a política de lá fez com a Cidade Maravilhosa, com o País do Futuro. Guardadas as proporções, o que ocorre lá não é diferente do que ocorre no restante do Brasil. Talvez lá a história esteja apenas um pouco mais avançada.
A História tem demonstrado, ademais, que todas as guerras, revoltas ou revoluções que ocorreram no passado, sempre iniciaram em algum lugar específico, nunca foram deflagradas coletivamente.
O problema da política tem sido os homens que a fazem e não ela em si, até porque somente a própria política pode resolver os problemas sociais, mas não os mesmos homens.