A estética (do grego aisthésis: percepção, sensação, sensibilidade) é um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza da beleza e dos fundamentos da arte, mas que pode também ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
O sentido que quero dar, todavia, à palavra estética, ligada à política brasileira, é o da roupagem externa que encobre (ou tenta encobrir) os defeitos e deficiências, através de artifícios usuais, que se travestem de legalidade, mas que são em verdade o avesso da eticidade e da moralidade mínima aceitável. Seria como uma cirurgia plástica, eminentemente estética, que vista de longe encobre os sulcos que delineiam um rosto, mas que através de um olhar mais acurado, mais próximo, não tem o condão de eliminar as agruras que dilaceram as faces. A política, assim, jamais poderia ser estética no sentido aqui estabelecido! A política, uma arte sim, desde que desnudada dos vícios da falta de transparência e dos interesses pessoais e torpes.
A política estética difundida pelo Brasil, longe de ser a arte do belo, gera um asco que afasta as pessoas, que passam a odiá-la como se ela fosse a culpada e não os que a fazem.
Política não pode ser uma troca pessoal de favores, de concessão de benesses e tampouco um instrumento de dominação. É isto o que a estética busca em vão encobrir!
A Democracia é o meio pelo qual a política deve ser exercida, de forma pura e fiel aos princípios e valores mais caros aos cidadãos. É a ética se contrapondo à estética que intenta camuflar com a falsa arte da política a monstruosidade que aflora das atitudes de políticos democraticamente eleitos.
A política estética no Brasil é uma clara e infeliz realidade, que faz sofrer e faz penar todo o povo brasileiro.
Enquanto a consciência não tomar o seu lugar de destaque na vida de cada um e de todos, e a ética passe a guiar os passos como um farol que reluz para um mar escuro e sombrio, o porto seguro sempre estará inacessível e cada vez mais distante.