O cenário corporativo mudou de forma irreversível: tarefas repetitivas são automatizadas, algoritmos oferecem previsões mais precisas e a tecnologia tornou-se parceira indispensável para os negócios e, claro, para a vida. A inteligência artificial impulsiona essas transformações, influenciando o modo como as empresas se posicionam, redefinindo processos, acelerando análises e ampliando horizontes de produtividade tanto para empregadores quanto para funcionários. Diante desse cenário, duas constatações: a primeira, que é um caminho sem volta. IA, robótica e automação de processos substituem cada vez mais funções repetitivas e operacionais, garantindo que a “máquina” continue funcionando; a segunda é que essa mesma automação exige que os profissionais desenvolvam competências mais analíticas, criativas e estratégicas.
O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial, traz dados sobre as transformações para o mercado global nos próximos cincos anos, impulsionadas por tecnologias emergentes, mudanças demográficas e desafios econômicos e geopolíticos. Segundo o estudo, embora competências tecnológicas como inteligência artificial e Big Data estejam entre as que mais crescem em relevância, são as habilidades humanas, como pensamento analítico, resiliência, flexibilidade, colaboração e liderança, que permanecem essenciais para o futuro do trabalho.
Outro levantamento, desta vez do LinkedIn, também aponta esse caminho e ressalta que o equilíbrio entre hard skills e soft skills é a chave para o sucesso profissional e organizacional. As habilidades em alta listadas pela plataforma incluem tanto técnicas, como inteligência artificial, análise estatística e automação de processos quanto comportamentais, como comunicação, visão e liderança estratégica, resolução colaborativa de problemas e gestão de relacionamentos.
E vamos a mais estudos. O mais recente, conduzido pelo 6º Observatório de Carreiras e Mercado, da PUCPR Carreiras, aponta que 50% das demissões em 2024 foram causadas por questões comportamentais e não por deficiências técnicas. Os outros 50% se dividiram entre automação das atividades (25%) e redução de custos/cortes de despesas (25%). O mesmo levantamento destaca ainda que 70% das contratações malsucedidas tiveram origem em falhas de comportamento. E os gargalos estão exatamente nas dificuldades de comunicação, falta de adaptabilidade, baixa inteligência emocional ou ausência de comprometimento.
O que esses números dizem? Exatamente o que está diante de nós: técnica se aprende, se adquire. E isso ocorre por uma necessidade natural de uma sociedade e um mercado em constante transformação e crescimento, por isso tem o seu valor. Mas não basta só a técnica; é preciso maturidade comportamental para aplicá-la em contextos reais. É aí onde entram as habilidades socioemocionais, que exigem desenvolvimento pessoal contínuo e intencional. Parece óbvio dizer (e reconhecer) que tudo é uma questão de equilíbrio, de saber combinar o uso da tecnologia como aliada, permitindo que nos concentremos no que nenhuma máquina pode replicar: empatia, vínculos, administração do tempo, compreensão do impacto humano de cada decisão, inspiração e condução de pessoas rumo a um propósito, comunicação assertiva, entre outras competências que valorizam a técnica sem perder a essência humana.
Fontes: The Future of Jobs Report 2025 (weforum.org); Habilidades em Alta em 2025 (Linkedin); 6º Observatório de Carreiras e Mercado(PUCPR-Carreiras)