A corrida eleitoral finalmente começou. Os candidatos se apresentaram, o dólar subiu, a violência aumentou e o descaso do governo assombra até os mais céticos e crentes. Saúde e educação atiradas às traças e a maior liderança política do país está atrás das grades, presa por corrupção. Parece enredo de novela, mas, em verdade, é o Brasil de todos nós.
É o Brasil do brasileiro ignorante, que em pleno século XXI ainda se sustenta de uma cultura popular, que se baseia na subserviência de tradições familiares, escravocratas e do coronelismo. Os desafortunados conformados com um falso destino designado por Deus.
É o Brasil do individualista nobre e poderoso, que tudo pode e que, tal qual agente invisível, nada lhe atinge. Opressor, falso humilde e vingativo, é o dono do Poder.
O Brasil encontra-se numa encruzilhada, onde não aparecem caminhos certos, onde a incerteza é o norte e a esperança apenas mais uma mítica crença, afinal são nesses caminhos tortuosos e que não se sabe onde vão dar que, inevitavelmente, se terá que seguir. Não, isto não é um desígnio de Deus, senão uma tragédia humana.
Deus está muito mais alinhado com as belezas naturais desse país único e de riquezas infindas. As mazelas são humanas, são provocadas sem piedade e sem pudor pelas vaidades e pela ganância, pela falta de solidariedade e de afeto para com o próximo.
E a política, esse poder que dirige e comanda a nação, que faz seus caminhos, que estabelece os fins sociais e a forma de atingi-los, carente de legitimidade, de moral e de ética, cambaleante, espera tranquila as próximas urnas. A política nada vai resolver ao que parece, pois não há qualquer necessidade, já que se encontra adormecida em glória eterna.
É o Brasil de todos nós, de fato! Uma triste realidade, mas que precisa ser dita e enfrentada, discutida, mas sem as deficiências intrínsecas que assolam esse poder que está constituído e que o será novamente em breve. Sem esse compromisso, verdadeiro, e sem um querer que assome das profundezas d’alma, amanhã, mais uma vez essa cantiga se repetirá, tal qual o carnaval brasileiro, e tudo será sempre festa.