Para que servem as pesquisas eleitorais? Será que as pesquisas eleitorais têm alguma finalidade social, ou seja, será que são úteis à sociedade? Será que, ao contrário do que é dito, as pesquisas não prestam um desserviço à população? Estes são apenas alguns dos questionamentos que podem ser feitos no que tange a essa polêmica sobre essas pesquisas. Mas faço outra pergunta: Se as pesquisas têm em sua maioria possuem 95% de acerto, por que muitas são contraditórias entre si, com resultados invertidos? Não é uma incongruência? Os institutos de pesquisas podem (tentar) explicar estatisticamente os resultados e as validades das pesquisas e dos números, bem como justificar a própria metodologia utilizada.
O principal ponto, todavia, no meu modo de ver, não é comprovar a validade, mas sim discutir sobre a utilidade social delas (pesquisas), ou em que medida elas não terminam sendo prejudiciais, considerando que têm o condão de influenciar o eleitor indeciso em sua escolha, quando não o de fazer o eleitor mudar de opinião e, via de consequência, de voto. Assim, muitas vezes se tem o eleitor decidindo votar naquele candidato que está à frente, segundo as pesquisas, relegando a segundo plano as propostas ou outros elementos que deveriam ser fundamentais para a escolha de um candidato.
As pesquisas são realizadas sobre a intenção de votos do eleitor. Eis o grande equívoco! As pesquisas deveriam ser feitas sobre as propostas dos candidatos e sobre a viabilidade de implementação dessas propostas. As pesquisas deveriam ser feitas sobre o conceito que se tem do candidato e sobre o trabalho que já prestou ou que poderá vir a prestar à sociedade, etc. Sem dúvida seriam pesquisas mais complexas, mas serviriam para orientar melhor o eleitor do que a o atual modelo de pesquisa de intenção de votos. É nesse tipo de pesquisa que os estatísticos deveriam se debruçar para criar modelos ou meios de implementá-la. Teriam as pesquisas, desse modo, uma grande utilidade social.
No atual modelo de pesquisa eleitoral, a única utilidade que consigo vislumbrar é para os próprios candidatos, não para os eleitores. Os candidatos poderiam se utilizar delas como instrumento de análise sobre si mesmos e sobre os caminhos a seguir em suas campanhas, mas jamais como instrumento de convencimento dos eleitores como é comumente feito.
E quantas denúncias já não se têm visto sobre a credibilidade das pesquisas? Quantos já não têm alardeado sobre pesquisas que “são compradas”? Quais serviços podem prestar à sociedade estas pesquisas? Não consigo visualizar. Perdoem-me, os que me criticam, a minha miopia!
O eleitor não pode escolher candidatos por pesquisa de intenção de votos, ressalto. É o mesmo que ir a um restaurante porque todo mundo vai, sem questionar sobre a qualidade da comida, do ambiente ou do atendimento. Todavia o marketing das pesquisas é avassalador e todos os dias as pessoas são acordadas por novas pesquisas, por novos números e novas projeções, da mesma forma que podem ser pelas propagandas e os impulsionamentos das redes sociais de um restaurante.
A questão é que ao ir a um restaurante que faz um marketing muito bom, mas que em verdade não possui a qualidade que se esperava, simplesmente se pode deixar de frequenta-lo. Ao decidir por um candidato por conta do marketing das pesquisas eleitorais, porém, a oportunidade de arrependimento só se terá em quatro anos. Aí o estrago já pode ter sido devastador, como se tem visto.