As eleições para o Governo do Estado se avizinham e até o presente momento, menos de quatro meses para o pleito, não se viu nenhum debate de ideias e sugestões no tangente aos gravíssimos problemas sociais existentes, como os atinentes à segurança, saúde e educação. Isto é típico de um Estado que ainda não se modernizou. Um Estado de terceiro mundo que, em verdade, se encontra à beira do caos, invadido pela falência moral e onde os interesses particulares-individuais são mais importantes que os da coletividade. É o individualismo de aldeia que tenho já retratado há algum tempo.
É triste ter que presenciar, à margem das discussões sobre possíveis soluções para extração do Estado da miséria, negociatas e trocas espúrias de apoio político, de cargos e de votos sendo de realizadas de forma “normal”, numa expressa declaração de que o povo ainda vota no cabresto, como verdadeiro escravo político.
Em definitivo, o atual modelo político não mais serve (se é que serviu algum dia) como extrato fiel de uma Democracia, onde todo o poder deveria emanar do povo, já que previsto em caracteres indeléveis na Constituição Federal. A reforma política que nunca existiu precisa ser concretizada efetivamente, pensando-se não nos interesses dos reformistas, mas nos da sociedade.
Como escolher representantes sem que haja sequer um debate prévio e concreto, onde as ideias e propostas sejam analisadas em sua plenitude, não só como retórica ultrapassada? Impossível se escolher representantes sem vislumbrar no mínimo uma plausibilidade em suas proposições.
Mas nada disso será feito, infelizmente! Após se agasalharem todos os políticos em seus pessoais interesses, as mesmas falaciosas propostas genéricas serão ouvidas, numa completa encenação hollywoodiana, para se fingir a existência de uma Democracia plena em um Estado digno de pena!
Mas aos escravos não se dá educação, afinal não precisam pensar, tampouco falar, pois não serão ouvidos. Os escravos políticos se calam, cumprem um papel de aparente protagonismo, mas não passam de coadjuvantes, servindo muitas vezes apenas para compor o cenário onde brilham os verdadeiros atores, que ao mesmo tempo são os diretores desse musical que, não fosse trágico, seria uma verdadeira ópera bufa à brasileira.