É chegada a hora! Nesse domingo (07.10) o povo brasileiro vai mais uma vez às urnas para escolher seus representantes. O momento é bastante delicado e muitas são as incertezas. Há uma clara polarização, que seria extremamente natural se fosse eminentemente política, de ideias e de propostas. A polarização ganhou um viés muito perigoso, já que em seu entorno tem gravitado a intolerância e a incompreensão, não sendo poucas as vezes em que um discurso de ódio foi pronunciado entre os partidários de um e de outro lado.
O ruim disso tudo é que o debate sobre propostas e ideias para superar os problemas do país, como educação, saúde e segurança, por exemplo, ficaram relegados a segundo plano. A polarização empanou a razão de ser de uma campanha eleitoral, cobrindo-a com frases genéricas e de efeito meramente retórico. As paixões impedem uma reflexão lúcida, que exige seriedade e serenidade, comprometendo julgamentos racionais, que são essenciais em um momento de escolha dos representantes políticos da nação.
A polarização eleva o sentido do “Eu” à potência máxima, em detrimento do “nós”, colocando em risco o sentimento de Democracia que deve existir em um Estado que se diz Democrático de Direito. Ao extravasar esse sentimento ao qual me refiro, a própria Democracia se fragiliza e passa a ser questionada como única opção viável para o mundo moderno, abrindo-se espaço para que outros modelos ganhem fôlego, inclusive, o que é pior, com o respaldo de grande parte da população, uma vez polarizada. Eis aí o risco.
Mas a culpa por essa polarização é dos próprios governos democráticos, que legitimamente eleitos, permitiram que houvesse uma erupção de mazelas sociais, que ao lado de um cenário corruptivo, geraram um completo processo de desgoverno. O gigante Leviatã, com sua espada em punho, não mais consegue proteger as pessoas umas das outros e tampouco dos desmandos do próprio Estado inoperante. Bradar que a Democracia é o melhor dos mundos soa por demais estranho aos ouvidos de quem padece na negligência do Estado falido. Isso para dizer o mínimo!
A questão é que a incipiente experiência democrática brasileira não foi suficientemente capaz de mostrar (pelo menos até agora) que o Estado Democrático de Direito não representa uma utopia, mas sim uma realidade necessária e que deve ser perseguida sempre, em qualquer circunstância que seja, até mesmo quando ainda existirem tantas calamidades sociais, como as que vemos cotidianamente no Brasil.
Que nessa noite de domingo, logo após as eleições, já com as apurações encerradas, os candidatos, os políticos eleitos e os não eleitos, possam ser mais conscientes, pensar mais no coletivo, no povo que deseja mudança (afinal, não imagino que possa existir alguém que queira, em sã consciência, o pior para o país) e que se deem as mãos e (re)pensem sobre a importância da Democracia e sobre o Brasil “País do Futuro”.